BOAS-VINDAS

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Brasil-Do Coronelismo ao Regime Liberal Populista

 

NOVOS TEMPOS... EIS UMA REPÚBLICA
No Brasil, a Primeira República, ou República Velha, é o período que vai da proclamação da República, em 1889, até a Revolução de 1930. Antes que um novo presidente fosse eleito, um governo provisório foi criado e ficou sendo presidido pelo ex-ministro da guerra Marechal Deodoro da Fonseca. No início várias divergências ocorreram entre grupos que disputavam o poder devido a interesses diversos e concepções diferentes de como organizar a república. Este período da História do Brasil é marcado pelo domínio político das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas. O Brasil firmou-se como um país exportador de café, e a indústria deu um significativo salto. Na área social, várias revoltas e problemas sociais aconteceram nos quatro cantos do território brasileiro.
Com a proclamação da República, o Brasil mudou sua forma de governo, o país passou da Monarquia à República, adotando um sistema de governo presidencialista e organizando-se sob a forma de federação. Com o novo cenário político pouco mudou para o povo, o poder continuaria nas mãos do latifúndio, do café e da corrupção.
A República Velha, segundo alguns, pode ser dividida em dois períodos: República da Espada e República do Café com Leite.

A PRIMEIRA CONTITUIÇÃO REPUBLICANA DO BRASIL
Partidários da época apressaram-se em garantir a convocação de uma Assembleia Constituinte, temerosos de um prolongamento de uma semiditadura sob o comando pessoal de Deodoro. Uma Constituição Republica foi elaborada e inspirou-se no modelo norte-americano.
Os Estados passaram a ter sua autonomia e obtiveram o direito a ter constituições próprias, limitadas pela Constituição federal, além de terem a possibilidade de instituir impostos estaduais. Os três poderes foram estabelecidos, sendo eles: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, harmônicos e independentes entre si. Foi estabelecido o sistema presidencialista de governo. Foi suprimido o voto censitário, e passou a ser direto e universal (com exceção de analfabetos, mendigos e apesar de não se referir a mulheres, ficou subentendido de que elas não adquiriram esse direito). A pena de morte foi extinta. A Igreja foi separada do Estado, deixando-se assim de existir uma religião oficial no Brasil. Dentre outras mudanças.

O ENCILHAMENTO
O primeiro ano da República foi marcado por uma febre de negócios e de especulação financeira conhecida como Encilhamento. Foi constatado que desde os últimos dias do Império, pouco dinheiro estava circulando, e não era compatível com a realidade do trabalho assalariado e o ingresso em massa de imigrantes. Ao assumir o Ministério da Fazendo do governo provisório, Rui Barbosa começou tomar algumas providencias no intuito de resolver os problemas dessa natureza. A medida mais importante foi a que deu a alguns bancos a faculdade de emitir moeda. As medidas tomadas por Rui Barbosa fez-se acreditar que o Brasil seria o reino dos negócios. Muitas empresas começaram a ser formadas, a especulação cresceu nas bolsas de valores e o custo de vida subiu. Em 1891, veio a crise com a queda nos preços das ações, a falência de empresas e bancos e o valor da moeda brasileira caiu.  Isso pode ter ocorrido devido a investimentos financeiros da Inglaterra na América Latina.

A REPÚBLICA DA ESPADA 

Foram dois os presidentes dessa etapa da Velha República: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

MARECHAL DEODORO DA FONSECA
Numa vitória apertada contra Prudente de Morais, Deodoro é eleito pelo Congresso Nacional à presidência da República, em plena crise do Encilhamento. Floriano Peixoto é seu vice. Deodoro entrou em choque com o Congresso e substituiu seus ministros que vinham do governo provisório e tentou fortalecer o Poder Executivo. Em 3 de novembro de 1891, fecha o Congresso e promete para o futuro novas eleições e uma revisão na Constituição, dentre elas a igualdade de representação dos Estados na Câmara, anulando o peso que tinham os grandes Estados. O êxito dos seus planos dependia da unidade das Forças Armadas, fato que não ocorria, inclusive os florianistas era seus adversários, e foi a reação desses, junto a oposição civil e de setores da Marinha, que levaram Deodoro a renunciar a 23 de novembro de 1891. Subiu ao poder o seu vice Floriano Peixoto.

MARECHAL FLORIANO PEIXOTO
Floriano tinha uma visão de República não identificada com as forças econômicas dominantes, divergindo da chamada “República dos Fazendeiros”, porém, um acordo foi feito entre as duas partes. A elite política de São Paulo via na figura de Floriano a possibilidade mais segura de garantir a sobrevivência da República, a partir do poder central. Floriano, por sua vez, percebia que sem o apoio dessas elites, não teria base política para governar. Esse acordo durou todo o seu governo. O presidente achou necessário governar pela força devido aos inúmeros problemas enfrentados pela nação e ganhou com isso o apelido de “Marechal de Ferro”. Floriano enfrentou protestos da oposição que não o aceitava como presidente. Esta queria a convocação de novas eleições. Tal atitude tinha uma explicação: caso o presidente ficasse menos de 2 anos no poder, novas eleições teriam que ser feitas, Deodoro governou por 9 meses; logo, este era um bom motivo para que Floriano convocasse eleições. Porém, não as convocou e por isso enfrentou várias revoltas que soube como combater.
Em 1893 ainda enfrentou mais 2 revoltas:
1)A Revolta Federalista do Rio Grande do Sul;
2)A Revolta da Armada.
Floriano usou da violência para acabar com as duas.
Nem todos o apoiavam, seus principais opositores eram as oligarquias cafeeiras e os banqueiros estrangeiros. Contudo, contava com o apoio de uma parte do Congresso Nacional, da classe média e da ala militar florianista. A nação o admirava, pois ele apoiava a classe média menos favorecida tomando medidas eficazes para diminuir o custo de vida, porém, ele não teve condições de designar seu candidato a sucessor devido a poucas bases de apoio partidário. Foi sucedido pelo paulista Prudente de Morais. O marechal demonstrou sua contrariedade não comparecendo à posse. Segundo as crônicas da época, preferiu ficar em sua casa modesta, cuidando das rosas.


REVOLTAS NA REPÚBLICA DA ESPADA

REVOLUÇÃO FEDERALISTA
A Revolução Federalista ocorreu no sul do Brasil logo após a Proclamação da República, e teve como causa a instabilidade política gerada pelos federalistas, que pretendiam "libertar o Rio Grande do Sul da tirania de Júlio Prates de Castilhos", então presidente do Estado. Opunham-se de um lado os republicanos do PRR (Partido Republicano Riograndense) e de outro os liberais. Em março de 1892, estes fundaram o Partido Federalista, defendendo a revogação da Constituição estadual e a instauração de um governo parlamentar. Empenharam-se em disputas sangrentas que acabaram por desencadear uma guerra civil, que durou de fevereiro de 1893 a agosto de 1895, e que foi vencida pelos pica-paus, seguidores de Júlio de Castilhos. A divergência teve inicio com atritos ocorridos entre aqueles que procuravam a autonomia estadual, frente ao poder federal e seus opositores. A luta armada atingiu as regiões compreendidas entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O conflito só acabou depois de um acordo que teve a mediação do presidente Prudente de Morais.

REVOLTA DA ARMADA
A Revolta da Armada foi um movimento deflagrado por setores da Marinha brasileira em 1893 contra o presidente da República, marechal Floriano Peixoto. Encabeçado pelo contra-almirante Custódio de Melo e pelo almirante Luiz Filipe Saldanha da Gama, o episódio expressou com clareza os interesses e as disputas políticas do início do período republicano. Custódio de Melo, que havia apoiado Floriano na eleição para vice-presidente, não aceitou as medidas do governo em relação à política gaúcha. De outro lado, havia o problema sucessório. Pela Constituição, Floriano deveria convocar novas eleições no prazo de dois anos após a posse. Porém, isso não ocorreu. E Custódio, que era candidato à Presidência, ficou contrariado com a nova situação. De maneira circunstancial, figuras associadas ao antigo regime também se juntaram ao movimento contra Floriano Peixoto - caso do almirante Saldanha da Gama, por exemplo. A rebelião dos marinheiros, porém, não conquistou maiores apoios na então capital da República, Rio de Janeiro. Depois de algumas trocas de tiros com o Exército, os revoltosos seguiram para o sul do país. Parte deles desembarcou na atual cidade de Florianópolis. Chegaram a ensaiar uma aliança com os federalistas gaúchos - Custódio de Melo chegou a participar da Revolução Federalista -, mas o acordo não avançou. Floriano Peixoto, que contava com amplo apoio dentro do Exército e mesmo entre as elites estaduais (sobretudo a paulista), adquiriu navios no exterior para reforçar o combate aos revoltosos, finalmente derrotados em março de 1894. Ao suprimir a Revolta da Armada, que de alguma forma vinculava-se à restauração da Monarquia - o presidente terminou por credenciar sua própria imagem como um radical defensor da nascente República.

A REPÚBLICA DO CAFÉ-COM-LEITE (em construção)

REVOLTAS NA REPÚBLICA DO CAFÉ-COM-LEITE (em construção)

ECONOMIA (em construção)

MOVIMENTOS SOCIAIS (em construção)

CONSIDERAÇÕES FINAIS (em construção)

 

O GETULISMO (em construção)

O REGIME LIBERAL POPULISTA (em construção)

 

CENÁRIO P0LÍTICO-ECONÔMICO DAS ELEIÇÕES DE 1945
O Brasil tinha passado 15 anos sob a ditadura de Getúlio Vargas, que combateu o surgimento de novas lideranças políticas. Dessa forma, faltavam nomes de expressão nacional em todos os partidos, fato que veio a se repetir nas eleições de 1950 na sucessão de Eurico Gaspar Dutra. Nessa época, a ideia de um Brasil agrícola, já era ultrapassada, e o que agora se pensava era no desenvolvimento industrial. Isso fez com que surgissem duas correntes política-ideológicas que tentavam conquistar espaço se tratando do desenvolvimento econômico do Brasil. Eram elas: o liberalismo e o nacionalismo.
Os liberais eram a favor da aceitação do capital estrangeiro, acreditando que por causa do recente desenvolvimento industrial, o Brasil não seria capaz de promover sozinho o seu desenvolvimento. Por outro lado, os nacionalistas, rejeitavam a abertura da economia ao capital estrangeiro. Eles defendiam que para se desenvolver, o Brasil deveria recorrer ao capital nacional, e dessa forma ter um desenvolvimento econômico autônomo. Segundo o historiador Cláudio Vicentino, os nacionalistas acreditavam que um desenvolvimento feito de forma independente e com participação do Estado garantiria a independência econômica do país e a possibilidade de adotar medidas de caráter social, isto é, o combate às desigualdades.
O surgimento dessas correntes em meio a “Guerra Fria” no cenário político-econômico internacional, fez com que se criasse a ideia de que um nacionalista era simpatizante ao estadismo comunista. Por outro lado, os nacionalistas chamavam os liberais de “entreguistas”. No meio dessa confusão, o PCB era favorável ao nacionalismo.
E quem era quem?
PTB – fez sua opção pelo nacionalismo, mesmo porque já fazia parte da política populista de Vargas. Através dessa política conseguiu a simpatia da massa urbana a ponto de se tornar o partido mais forte na época que antecedeu a “Ditadura Militar”.
UDN – Optou pelo liberalismo. Não tinha grande força nacional em relação a votos. Seu eleitorado era quase sempre setores médios urbanos, com apoio da elite, inclusive agrária.
PSD – Estavam dispostos a apoiar qualquer corrente ideológica, sendo que, o que importava era estar no poder. Era o partido dos chefes políticos dos currais eleitorais espalhados por todo o Brasil, e isso fazia dele o maior partido da época. Por ter lideranças provenientes da elite, evitavam radicalizar o projeto nacionalista.
Ainda sobre essa época, é importantíssimo ressaltar a importância que tinham as forças armadas no cenário político brasileiro, como veremos mais adiante durante a leitura. Basta observarmos o quanto a cúpula das forças armadas esteve presente nas decisões políticas, depondo presidentes, garantindo a posse de outro ou até mesmo derrubando regimes. Devemos lembra a importância que teve a Escola Superior de Guerra – ESG, que era liderada por oficias eleitos para tal.
Diante do mundo polarizado (EUAxURSS), as forças armadas adotavam uma postura anti-comunista, porém, apresentava-se dividida entre o liberalismo e o nacionalismo, estando dispostas a seguir a orientação dos comandantes, às vezes deixando de lado as convicções pessoais.
E era assim que se encontrava o Brasil quando a UDN apresentou para ser candidato às eleições de 1945, o brigadeiro Eduardo Gomes, o PTB e o PSD fizeram uma coligação para apoiar Eurico Gaspar Dutra (ministro da guerra de Vargas), e o PCB apresentou Iedo Fiúza.
A campanha de Eduardo Gomes atraiu os setores da classe média das grandes cidades. Apontado como favorito, pregava a democracia e o liberalismo econômico. Sua campanha ficou conhecida com a dos lenços brancos, um símbolo agitado pelos participantes dos comícios.
Eurico Gaspar Dutra não era um forte candidato até então, a ponto de que o mesmo chegou pensar em substituição de sua candidatura. Mas Getúlio quase nas vésperas da eleição declara-se em apoio à candidatura de Dutra. Em uma época que não existia pesquisas eleitorais, a oposição foi surpreendida pela nítida vitória de Dutra. Ele venceu com 55% dos votos contra 35% atribuídos pelo Brigadeiro. O Resultado mostrava a força da máquina eleitoral montada pelo PSD e o prestígio de Getúlio Vargas entre a classe trabalhadora. Dutra venceu bem nos três grandes estados – Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo. A votação do PCB, agora na legalidade, foi bastante expressiva. Iedo Fiúza alcançou uma votação de 10% do total, beneficiando-se do prestígio do líder comunista Luís Carlos Prestes e externamente do prestígio da União Soviética.
Em geral, o grande vencedor das eleições de 1945 foi sem dúvidas, Getúlio Vargas, que fortificou a bancada do PSD e do PTB no senário nacional. Vargas neste mesmo período se elegeu senador pelo PSD do Rio Grande do Sul. A votação mostrou claramente como a máquina política montada pelo Estado Novo, com o objetivo de apoiar a ditadura, podia ser também muito eficiente para captar votos, sob regime democrático. Estes fatores nos concretizam que as relações Clientelistas importavam mais do que os ideais partidários. Vemos através dessa eleição o repúdio da grande massa ao antigetulismo, associado ao interesse dos ricos. Por esses motivos, o brigadeiro recebeu o apelido de “candidato pó-de-arroz”.


PRESIDENTE DUTRA

Dutra foi eleito presidente da República em 2 de dezembro de 1945 pelo Partido Social Democrático (PSD) em coligação com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Seu vice-presidente foi Nereu Ramos. Seu mandato como presidente da República teve início em 31 de janeiro de 1946, finalizando em 31 de janeiro de 1951.

No início do seu governo uma nova constituição foi promulgada. Definia o voto secreto e universal, a existência de três poderes, restabelecia as eleições diretas para presidente, governadores e prefeitos. Foram mantidas as eleições diretas para senadores, deputados federais, estaduais e vereadores. Garantiu a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, concedeu liberdade de associação com fins permitidos pelas leis do país, etc. No entanto apresentava algumas limitações, como por exemplo, negava o direito de votar aos analfabetos e limitava o direito de greve.

O governo de Dutra tem uma ligeira associação ao respeito e legalidade, por parte dos conservadores, porém, esse legalismo por muitas vezes foi esquecido quando se tratava dos comunistas e trabalhadores organizados. Apesar de ter baixado um decreto que regulava o direito de greve (Decreto-lei 9 070, de março de 1946), a definição para “atividades essenciais” (onde as paralizações não seriam permitidas), abrangiam quase todas as áreas. O conceito de democratização era um tanto confusa quando se tratava dos trabalhadores. A repressão ao comunismo foi dura. Dutra tratou de deixar explícito publicamente que o seu governo participava do bloco capitalista (na época a Guerra Fria dividia o mundo em dois blocos). O Brasil teve uma proximidade muito grande com os Estados Unidos e isso muito contribuiu para a repressão ao comunismo no Estado brasileiro. O crescimento do PCB foi outro fator que muito contribuiu para que essa perseguição viesse a acontecer.

Em maio de 1947, o STF decidiu cassar o registro do Partido Comunista, com a alegação de que, de acordo com a constituição, no Brasil não deveria haver nenhum partido político cujo programa ou ação contrariassem o regime democrático. Nessa mesma data vários sindicatos que eram controlados pelos comunistas foram fechados pelo ministério do trabalho. Em janeiro de 1948, foram cassados os mandatos dos deputados, senadores e vereadores eleitos pelo extinto PCB.

A política econômica do governo Dutra, foi marcada por estrito liberalismo, isto é, pelo princípio da não intervenção do Estado na economia, porém, a partir de 1947, o governo mudou suas diretrizes econômicas, abandonando o liberalismo e incorporando um tímido intervencionismo. O controle do câmbio e a regulamentação das importações passaram a estimular a economia brasileira, que apresentou mais uma vez crescimento acelerado. O ponto mais alto desse intervencionismo foi o plano SALTE, apresentado em maio de 47. Esse plano foi uma tentativa de coordenar os gastos do governo nas áreas de saúde, alimentação, transporte e energia (dentre outras). O desperdícios das reservas cambiais e a expansão da dívida externa não nos permite considerar o governo Dutra, como um governo de sucesso econômico.

 Em relação a sua sucessão ele se negou a apoiar Getúlio Vargas - PTB. Conseguiu o apoio do PSD para apoiar um político mineiro pouco conhecido: Cristiano Machado. A maioria do PSD abandou essa candidatura e aliou-se a Vargas posteriormente. Nessas eleições a UDN voltou a apresentar Eduardo Gomes.



Principais realizações e acontecimentos ocorridos no governo Dutra:
- Rompimento das relações com a União Soviética e alinhamento com os Estados Unidos da América;
- Fechamento do Partido Comunista Brasileiro e cassação dos mandatos dos parlamentares deste partido;
- Fechamento de sindicatos e prisão de sindicalistas que faziam oposição ao governo;
- Criação da Escola Superior de Guerra voltada para a formação de oficiais militares;
- Criação de incentivos que favoreceu a instalação no país de grandes empresas estrangeiras;
- Criou o Plano SALTE (focado nas áreas de Saúde, Alimentação, Transportes e Energia). Com falta de recursos para investimentos, poucas ações do plano viraram realidade;
- Construção da rodovia ligando São Paulo ao Rio de Janeiro (atual rodovia Presidente Dutra). Construção da rodovia ligando a Bahia ao Rio de Janeiro;
- Visitou os Estados Unidos em 1950, onde tratou de questões diplomáticas, políticas e econômicas;
- Instalação da Companhia Hidrelétrica do São Francisco; 
- Durante seu governo foi criado o Estatuto do Petróleo, voltado para a criação de refinarias e aquisição de navios petroleiros;
- Em abril de 1946, seu governo proibiu os jogos de azar em território nacional.

 SEGUNDO GOVERNO DE VARGAS

Depois de quatro anos afastado da presidência, Getúlio Vargas (3.849.040 votos) novamente se candidata ao cargo de Presidente da República tendo como principais adversários Eduardo Gomes (2.342.384 votos) e Cristiano Machado (1.697.193 votos). Durante sua campanha, Vargas procurou manter a mesma linha de ações usada anteriormente quando estava no poder, defendendo a nacionalização, a industrialização e a ampliação das leis trabalhistas, além de adequar seu discurso de acordo com a região que visitava. Vargas venceu essas eleições com uma maioria de mais de hum milhão de votos. Ocorreu uma tentativa de impugnação dessa eleição por parte da UDN, que alegava que só poderia ser considerado vencedor o candidato que obtivesse a maioria absoluta dos votos, porém, não existia exigência desse tipo na legislação da época. Foi a partir daí que, vendo que não conseguia o apoio da grande massa popular nas eleições para presidente, a UDN começou a fazer apelar contestando resultados eleitorais com argumentos duvidosos ou, cada vez mais, alimentando a ideia de uma intervenção das Forças Armadas.
Getúlio tomou posse com a concordância das Forças Armadas. Esse fato indica que seus chefes não se inclinavam à interrupção do jogo democrático. Mas, ao mesmo tempo, mostrava como a democracia dependia precariamente da fiança militar. Ele encontrou muitas dificuldades no início dos anos 1950, pois nesta década ele governaria sem apoio da maioria no Congresso. A política trabalhista e a economia nacionalista que queria implantar bateria de frente com o Parlamento e as Forças Armadas. Vargas muito se esforçou para que seus opositores fossem atraídos por seu governo, mas nada fez com que a UDN deixasse seu ideal antigetulista. Apesar do uso do populismo no governo Vargas, a situação foi se agravando cada vez mais devido ao aumento da inflação e do custo de vida.
O debate entre as duas correntes econômicas se acirrou: Os nacionalistas (liderados por Getúlio Vargas) e os Liberais (liderados por Carlos Lacerda). As discussões aumentaram quando questionavam o petróleo brasileiro, onde Nacionalistas defendiam a exploração e refino do petróleo pela indústria brasileira e os liberais eram favoráveis que fossem feitos por empresas estrangeiras que atuavam no Brasil, como Esso, Texaco, Shell, etc.
Foi nesse período que surgiu a campanha "O Petróleo é Nosso" – Slogan defendido pelo governo que não admitia empresas estrangeiras explorando o petróleo brasileiro. O resultado foi favorável aos nacionalistas. Estava criada a Petrobras, empresa estatal responsável pela extração e refino do petróleo brasileiro.
O agravamento das crises econômicas e a pressão da UDN e da imprensa foram fatos determinantes para a reforma quase que total do ministério de Vargas. Era também grande a pressão dos trabalhadores em cima da questão do aumento do salário mínimo. Diante de movimentos grevistas, João Goulart, Ministro do Trabalho, decidiu então aumentar em 100% o salário mínimo, o que foi muito criticado pela ala conservadora do Exército, pois, o operariado não poderia, ao ver deles, ganhar os mesmos salários de militares. Nesse contexto lembremo-nos do Memorial dos Coronéis (assinado em 1954 por oficiais do Exército) que foi um documento dirigido ao ministro da Guerra e outras autoridades de comando do Exército e que defendia a necessidade de reequipar o Exército, rever vencimentos e estabelecer critérios mais justos de promoção. Terminava criticando, propostas governamentais no sentido de se fixarem altos padrões de vencimentos para funcionários civis com diploma de nível superior, e a pretensão de elevação do salario mínimo em nível que, nos grandes centros do país, segundo o documento, quase alcançaria o dos vencimentos máximos de um graduado do Exército.
Getúlio então substituiu João Goulart e Ciro do Espírito Santo Cardoso (Ministro da Guerra). Vargas determinou um novo salário mínimo nos termos pedidos por João Goulart. Com essa medida houve grande alegria popular, por outro lado, correram pelo país várias denúncias sobre uma conspiração entre Vargas, Goulart e Perón para transformar o Brasil numa república sindicalista.
O reajuste do salário mínimo objetivava atualizar os salários defasados pela inflação. Ao mesmo tempo em que tratava de dinamizar a economia (com ênfase na industrialização), o governo Vargas se via diante do avanço da inflação. Com isso, o Presidente teve que tomar algumas atitudes impopulares no sentido de controlar a inflação, mas sempre se preocupando com as reivindicações dos trabalhadores, atingidos pela alta do custo de vida.
A crise política chegou ao clímax em agosto de 1954 quando Carlos Lacerda (líder da UDN e inimigo “número 1” de Vargas) foi vítima de um atentado na madrugada do dia 5 em que saiu com ferimentos leves, mas seu amigo, major Rubens Vaz, acabou morto. Os militares provaram que os criminosos cumpriam ordens de Gregório Fortunato, chefe da Guarda Pessoal de Getúlio Vargas que era cegamente leal a ele. Porém, Getúlio não sabia da iniciativa de Gregório. Diante das denúncias de corrupção e do assassinato do Major Vaz, a figura do Presidente perdeu legitimidade. A UDN e os militares uniram-se para pedir a renúncia de Vargas. Um manifesto à nação, assinado por 27 generais do Exército, foi lançado nesse dia, exigindo a renúncia do presidente. Café Filho ( vice – presidente) sugeriu que ele e Vargas renunciassem, mas Vargas disse que só sairia do palácio do Catete no fim de seu mandato ou morto.
Vargas e Café Filho
Na manhã de 24 de agosto, as Forças Armadas levaram um ultimato a Vargas exigindo que ele renunciasse, mas ele disse que não, então os generais ameaçaram depor o presidente. Vargas surpreendeu a todos: na mesma manhã de 24 de agosto de 1954, matou-se com um tiro no coração, deixando ao povo uma carta-testamento onde se apresentava como vítima e ao mesmo tempo acusador de inimigos impopulares. Uma onda de dor e indignação tomou conta do país, jornais da oposição foram atacados e até a embaixada americana foi apedrejada por populares. Os principais adversários de Vargas tiveram que fugir do país, com medo da fúria popular, dentre eles Carlos Lacerda. Cerca de 50 mil pessoas participaram do velório de Getúlio e 150 mil do cortejo fúnebre.
Getúlio Vargas foi um líder reformador populista, e nunca, um líder revolucionário popular. Seu compromisso sempre foi junto às elites, por mais que apelasse para o povo em seu discurso ou que lhe fizesse concessões.
A marca do tiro
arma usada por Vargas












CARTA TESTAMENTO DE GETÚLIO VARGAS
"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim.Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao Governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculizada até o desespero. Não querem que o trabalhado, seja livra. Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores de trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançaram até 500% ao ano. Na declaração de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a um pressão constante incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para uma reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória, Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. 0 ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha mede. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história". (Getúlio Vargas)

A citada carta foi redigida por discreto assessor de Vargas, de nome José Soares Maciel Filho, consoante as instruções de seu mandante, incluídas certas frases- chave por ele fornecidas e acabou entrando na história brasileira, aonde permanece até hoje.
(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)
PONTOS IMPORTANTES DO SEGUNDO GOVERNO DE VARGAS
 

a) Eleição – Foi eleito pela coligação PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) / PSP (Partido Social Progressista). Vargas mais uma vez derrotava seus opositores políticos com facilidade.
b) Nacionalismo econômico – O presidente Vargas iria permitir o capital estrangeiro no Brasil, mas não admitia a desnacionalização da economia.
c) BNDE – Criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico em 1952. Era o programa de investimentos do governo.
d) Campanha "O Petróleo é Nosso" – Slogan defendido pelo governo que não admitia empresas estrangeiras explorando o petróleo brasileiro. O resultado foi favorável aos nacionalistas. Estava criada a Petrobras, empresa estatal responsável pela extração e refino do petróleo brasileiro.
e) Petrobras – Depois de muito atrito entre o governo e as forças conservadoras apoiadas pelo capital estrangeiro, a empresa foi criada com capital misto, mas o Estado possuía a maioria das ações, sendo sócio majoritário.
f) Projeto de remessa de lucros – Visava proibir as excessivas remessas de lucros das empresas estrangeiras instaladas aqui no Brasil para sua matriz no exterior. Este projeto foi vetado pelo Congresso Nacional, pois a pressão dos grupos internacionais foi forte.
g) Política trabalhista – Vargas autoriza um aumento de 100% no salário mínimo. Era proposta do ministro do Trabalho João Goulart, que, futuramente (1961), ocuparia o cargo de vice-presidente. Aumentar o salário mínimo causou uma enorme revolta entre os empresários: eles se posicionaram contrários a essa medida do governo.
h) Crime da Rua Toneleros – No dia 5 de agosto de 1954, houve a tentativa de assassinato ao político e jornalista Carlos Lacerda, que culminou com a morte do major da Aeronáutica Rubens Florentino Vaz. A Aeronáutica instala inquérito, e o resultado não agradou ao governo. A Aeronáutica pressiona, exigindo a renúncia de Getúlio Vargas. O Presidente responde que não deixa o governo: “Se vêm para me depor, encontrarão meu cadáver”.
i) Suicídio de Vargas – No dia 24 de agosto de 1954, Getúlio desfechou um tiro no coração. Cumpria a promessa de só deixar o palácio morto. Morria um dos mais controvertidos personagens da História do Brasil. Deixou uma carta-testamento acusando as forças conservadoras (a UDN e o capital estrangeiro) de serem os grandes responsáveis por essa atitude. As “aves de rapina” (assim Getúlio se referia aos sanguessugas que só pensavam em fazer o jogo do capital estrangeiro). "...Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História".
j) Sucessão presidencial - Após a morte de Getúlio Vargas, quem assumiu o governo foi o vice-presidente Café Filho.